Liderar é difícil e exigente, mas também recompensador

Autor: Madalena Teixeira Duarte

Liderar é difícil e exigente, mas também recompensador

Quando em 1992 uma amiga me convidou-me para fazer voluntariado na Ajuda de Mãe, uma IPSS recém-fundada por um grupo da sociedade civil para ajudar gravidas, nem sabia no que me estava a meter.

De 2 dias por semana passou gradualmente a trabalho a tempo inteiro, de trabalho a ajudar no “que é preciso” passou a ser ajudar a definir respostas de apoio não existentes ou em falta na comunidade, criando uma estrutura de grande qualidade e sustentável e que contribuísse para a sustentabilidade das mães apoiadas. Este tem sido e continua a ser o grande desafio.


As IPSS, organizações da Economia Social, são herdeiras de uma longa tradição de ajuda aos mais pobres e necessitados, mas actualmente vão mais além nas formas de apoiar. Mas em todas as instituições da chamada Economia Social, o contacto diário com os problemas da população apoiada é um desafio continuo à criação de um conjunto de soluções que ajudem nas necessidades apresentadas.

Grande parte dessas necessidades, passam por problemas que envolvem pobreza, abandono, pouca educação formal, falta de habitação, desemprego, falta de cuidado com as crianças os idosos e os deficientes. Este é o caso de cerca de 70% das mães que nos procuram (os outros 30% prendem -se com falta de formação nos cuidados ao bebé, apoio de psicologia, necessidade de conviver com outras mães).

As soluções implicam sempre valorização pessoal, escolaridade e formação, reconhecimento do seu valor na comunidade, aumento de competências, respeito próprio, muito para além da simples entrega de bens de primeira necessidade - alimentos e produtos necessários, essencial para resolver o imediato e representando um “mimo” sempre valorizado.


E é neste contexto que os dirigentes das instituições da economia social são chamados a liderar:

INOVAR em conjunto com as equipas que lideram. Inovar para criar sustentabilidade, inovar porque com tantos instrumentos ao dispor se pode fazer mais, inovar porque os problemas são os mesmos, mas por vezes com aparência diferente, inovar para criar valor acrescentado com a rede de parceiros da comunidade. Inovar porque é preciso fazer muito com pouco.

Inovar porque é preciso fazer muito com pouco

GERIR bem os todos os recursos disponíveis, e o que o Estado entrega sob a forma de acordo/ subsidio e deve entregar e até aumentar, já que as entidades da Economia Social estão a intervir e a contribuir para resolver um conjunto grande de problemas que afetam toda a comunidade; mas gerir bem também o que tantos anónimos, empresas, particulares doam porque solidários com a causa ou na certeza que dessa maneira contribuem para melhorar vidas. Com equipas motivadas e integrando voluntários que não tiram o lugar de ninguém e que dão o seu tempo, a sua disponibilidade, a sua experiência de trabalho, mas principalmente a sua amizade.

as entidades da Economia Social estão a contribuir para resolver um conjunto grande de problemas que afetam toda a comunidade

CRIAR estruturas, os chamados negócios sociais, que além de valorizarem e integrarem em trabalho pessoas com dificuldades, produzem resultados financeiros a ser aplicados na ajuda aos que mais necessitam.

TER LUCRO com a certeza que o “lucro” obtido não se avalia em euros, mas em impacto na comunidade.

E manter sempre os valores de origem e a missão orientadora.

o “lucro” obtido não se avalia em euros, mas em impacto na comunidade

Esta é uma gestão difícil e que exige aos dirigentes competência e liderança, formação continua e sentido de missão o que por vezes dificulta a renovação.

Mas é, em si, um trabalho muito recompensador!

Por Madalena Teixeira Duarte – Presidente da Associação Ajuda de Mãe

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